Kaguya Hime e Kaze Tachinu, novos animês da Ghibli causam controvérsias

“Kaguya Hime no Monogatari” (traduzido, “O Conto da Princesa Kaguya” – ainda sem título em português) é o mais recente filme do Studio Ghibli, premiado estúdio de animação japonês (Urso de Ouro de Melhor Filme do Festival de Berlim 2002 e Oscar de Melhor Animação em 2002 com “A Viagem de Chihiro”), que estreou nos cinemas japoneses no final de novembro de 2013. Baseado num tradicional conto folclórico japonês de mesmo nome, “Kaguya Hime no Monogatari” marca a volta de Isao Takahata, célebre diretor japonês que havia se aposentado da produção direta de animações para assumir a diretoria executiva do Studio Ghibli, do qual é sócio com o diretor de “A Viagem de Chihiro”, Hayao Miyazaki. “Kaguya Hime no Monogatari” é o primeiro animê dirigido por Takahata em 14 anos (o último foi “Hõhokekyo Tonari no Yamada-kun – My Neighbors the Yamadas”, não exibido em circuito comercial no Brasil).
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Takahata, famoso por suas animações charmosas que mostram a infância com doçura característica, adotou a estética tradicional de ilustração de contos infantis em aguada em sua versão de “Kaguya Hime no Monogatari”. Trata-se da história de um casal de camponeses idosos sem filhos que encontram uma criança no interior oco de um pé de bambu mágico brilhante. Eles adotam a bebezinha, que rapidamente se transforma numa linda jovem, e se tornam imensamente ricos devido aos bambus mágicos. Logo aparecem vários pretendentes à mão da princesinha, que apesar de feliz com seus pais adotivos sofre por estar destinada a ter de partir para um reino distante na próxima lua cheia.

A estréia de “Kaguya Hime no Monogatari” no Japão trouxe várias especulações na mídia local a respeito do futuro do Studio Ghibli, cuja imagem está fortemente vinculada ao diretor Hayao Miyazaki e que anunciou sua aposentadoria ao lançar seu último animê em julho de 2013, “Kaze Tachinu” (título em inglês “The Wind Rises”, ainda sem título em português). Apesar de respeitados e célebres, Takahata e Miyazaki já possuem idades avançadas (78 e 73 anos, respectivamente) e ainda há incertezas quanto ao futuro do estúdio criado por eles e seu legado. Não se sabe ainda se “Kaguya Hime no Monogatari” será indicado ao Oscar, mas “The Wind Rises” de Miyazaki tem conquistado vários prêmios em mostras e festivais internacionais, como o da Associação dos Críticos de Nova York. Entretanto, apesar de sua mensagem pacifista, pelo fato de “The Wind Rises” ser baseado na história real do engenheiro que criou o caça Mitsubishi Zero, usado pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, e por mostrar personagens que fumam (porque na vida real eram fumantes), o animê foi alvo de protestos na Coréia do Sul e nos Estados Unidos e sua indicação para o Globo de Ouro e o Oscar, mesmo com o apoio da Disney, ficaram pendentes até o último instante.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=PlaW8-2T1HI
Assim, mesmo que “The Wind Rises” concorra, as chances de Miyazaki levar alguma das estatuetas são mínimas. No Japão, entretanto, “The Wind Rises” foi até o fim de dezembro/2013 a maior bilheteria dos cinemas no país (¥ 119,513,192). “Kaguya Hime no Monogatari”, apesar do lançamento em baixa temporada, em pouco menos de 2 meses de exibição alcançou a soma considerável de ¥ 19,217,168, batendo concorrentes internacionais de peso como “Guerra Mundial Z” com Brad Pitt, “Oz Mágico e Poderoso” com James Franco e Rachel Weisz, “Oblivion” com Tom Cruise, e o último Wolverine com Hugh Jackman.

Por Cristiane A. Sato – autora do livro “JAPOP – O Poder da Cultura Pop Japonesa“

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